Na obra, o pintou criou um mundo irracional totalmente autônomo e convincente, onírico e inerte, que se torna ainda mais intenso graças à dimensão diminuta da tela. A primeira impressão do observador é uma cena vasta e vazia, mas depois o foco é alterado para o arranjo dos objetos em primeiro plano.
Diversos relógios estão em diferentes estados de transformação. Ao sugerir que relógios de metal e seus delicados mecanismos podem derreter, Dalí desafia o entendimento racional do mundo físico. O artista também tece um comentário sobre a natureza do próprio tempo, estando fascinado pela Teoria Geral da Relatividade de Einstein, que descreve como o tempo se curva sob o impacto da gravidade.
Sua pintura também sugere um tema mais antigo e familiar, a inevitabilidade da morte, pois embora tenham parado em momentos diferentes, todos os relógios apontam para a hora da morte que espera cada um de nós.
1. Relógios derretidos
Os relógios moles do quadro foram sugeridos a Dalí em uma noite quente, após uma dor de cabeça ter impedido o artista de ir ao cinema com sua esposa. Sentado diante dos restos do jantar, o pintor notou que um queijo camembert havia derretido e começava a se espalhar para além das bordas do prato. Foi a imagem desse queijo que o fez ter a ideia dos relógios derretidos.
2. Criatura bizarra
A estranha figura em primeiro plano, coberta por um relógio derretido como se fosse um cobertor, é uma caricatura do próprio Dalí. Os cílios sugerem um enorme olho fechado em estado de contemplação. Dalí está propondo que apenas a superação das limitações impostas pelo tempo terreno pode soltar as rédeas da consciência.
3. Litoral vazio
A paisagem é o acidentado litoral perto da casa de Dalí ao norte de Barcelona. O pincel do artista transformava características geológicas naturais em animais bizarros ou formas humanas, mas neste quadro os penhascos estão representados de formas simples.